A Embrapa, há mais
de uma década, vem estabelecendo parceria com os
índios Krahôs, que habitam o nordeste do Tocantins,
com o objetivo de resgatar espécies e variedades,
especialmente de milho, perdidas com a transição
do modelo tradicional, baseado no uso de espécies
consorciadas em lavouras familiares, para o cultivo intensivo.
Com isso, ela tem podido devolver à comunidade não
apenas as suas sementes tradicionais, mas sobretudo contribuir
para o retorno de práticas culturais milenares (festas
e ritos) associadas a este cultivo.
Esta parceria teve início
em 1995, quando representantes desta etnia procuraram a
empresa buscando reaver as suas sementes primitivas. Uma
das unidades da Embrapa – a Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, dedicou-se a este trabalho, tendo obtido,
neste período, sucesso neste resgate. Conforme acentua
a empresa, “essa aproximação devolveu
a esse povo indígena algo incomensurável:
o resgate de suas tradições de plantio, colheita
e armazenagem, além de costumes tradicionais, rituais
alimentares e festividades praticadas por seus ancestrais,
que sobreviviam apenas na memória dos mais velhos.
Os índios da etnia
Krahô, composta por cerca de 3.000 pessoas, vivem
em cerca de duas dezenas de aldeias no nordeste do Tocantins,
entre os municípios de Goiatins e Itacajá
na maior área preservada do cerrado brasileiro.
Para comemorar a parceria
e o sucesso deste trabalho, a Embrapa realizou, no início
de dezembro de 2006, um evento – Encontro Etnociência
e Pesquisa Agropecuária – Diálogo de
Saberes, no próprio auditório do Edifício
Sede da Embrapa, em Brasília/DF. Este evento reuniu
pesquisadores de diferentes áreas de atuação
e representantes dos setores públicos e privados
que atuam na preservação e conservação
de espécies tradicionais e no manejo da agrobiodiversidade.
A proposta básica consistiu em discutir ações
voltadas para o desenvolvimento sustentável das comunidades
tradicionais.
Hoje, a Embrapa realiza uma
série de trabalhos etnobiológicos que envolvem
as suas 41 unidades e um conjunto diversificado de comunidades
tradicionais, além dos indígenas, como comunidades
de fundo de pasto, quebradeiras de coco, quilombolas, ribeirinhos,
seringueiros e sertanejos.
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